Antes de voltarmos para o hotel, ainda em Gion, paramos para jantar num restaurante de nome não identificado.
Um lugar simpático. Para mim, a comida…nem tanto. Ainda bem que deu para sentar. Quem pediu primeiro, conseguiu uma cadeirinha, o que tornou aquele momento mais confortável.
Quando o jantar não era buffet, quase sempre tinha um fogareiro, uma espécie de caldeirão ou grelha e ali mesmo a comida era feita. Não mudava muita coisa porque o sabor de peixe predominava. Continuo dizendo que deveríamos adotar esse sistema no Brasil. É só levar tudo cru para a mesa e cada um se vira como pode ou quer. Fácil, não é?
Depois da visita ao Templo Kinkaku-ji, fomos a um lugar especializado em aluguel de roupas.
Lá, iniciamos nossa caracterização de gueixa e de samurai.
Assim que pagamos o valor do aluguel, homens e mulheres se separaram. No local feminino, primeiro cada uma de nós escolheu a roupa. Tínhamos à nossa disposição uma gama imensa de opções. Em seguida, foi a vez do cinto e depois da bolsa.
Roupa escolhida, fomos para um cômodo com vários espelhos. Começou a nossa caracterização. Uma camisola branca, seguida de uma espécie de espartilho amarrado por baixo e, por cima, a roupa, muito comprida, que foi sendo ajustada e moldada de acordo com o corpo de cada uma, pelo cinto que escolhemos. Ele é uma faixa de tecido que é colocado na cintura e depois trabalhado nas costas, em forma de laço, como foi o nosso caso ou de muitas outras formas, de acordo com o tipo de roupa ou ocasião, imagino.
Só sei dizer, com certeza, que não é nada fácil colocar Kimono. Diria até que parece impossível fazer isso sozinha.
Na saída, escolhemos o chinelo e fomos para a rua, devidamente paramentados.
Vale registrar que nossa caracterização foi parcial. A total ficava muito cara, além de a produção ser muito demorada.
Como a ideia era diversão, o que fizemos bastou para isso.
Ainda como gueixas, fomos ao santuário xintoísta Heian Jingu.
Ele foi construído em 1895 para comemorar o 1100° aniversário da fundação de Heian-Kyo, o antigo nome de Kyoto.
O santuário Heian possui um dos maiores Torii (portão que antecede o portão principal) do Japão.
Antes de entrar no santuário, do lado esquerdo do Ote-mon, que é a porta de entrada, precisamos fazer o ritual de purificação, lavando as mãos e a boca com água e, à direita do Ote-mon, tem a oferenda de barris de saquês.
No centro fica Daigoku-den ou Palácio da Câmara do Estado. Os edifícios do santuário Heian, com suas cores laranja, verde e branca pretendem ser réplicas do antigo Palácio Imperial de Kyoto (destruído em 1227), sendo o seu tamanho dois terços menor que o tamanho do original.
Atrás do Daigoku-den encontra-se o Honden, onde, segundo a lenda, habitam os espíritos dos imperadores Kammu e Komei.
Kammu (737-806) fundou Kyoto em 794 e Komei (1831-1866) foi o último imperador a viver o seu reinado em Kyoto, antes de a capital mudar para Tokyo. Ao contrário de outros elementos do complexo, o Honden não é pintado.
O Santuário Heian está rodeado por uma série de jardins que ocupam, aproximadamente, 33.000 metros quadrados. Eles são projetos representativos da Era Meiji e estão divididos em quatro seções – norte, sul, leste e oeste. Os jardins são diferentes para garantir que o santuário tenha um cenário que muda de acordo com as estações do ano. A época mais popular, sem dúvida, é a primavera, época em que as cerejeiras estão floridas.
Heian é o tipo do lugar calmo que pode mudar de status, se observarmos a placa com advertências em japonês e inglês. Pelo jeito, há ocorrências de terremoto lá, conforme orientação dada a quem visita. Nós não sentimos nenhum abalo sísmico. Ainda bem!
Interessante notar que há algumas árvores em frente do Daigoku-den com Omikuji (papéis da sorte) amarrados. Os papéis brancos fazem com que as árvores se assemelhem às cerejeiras em flor. Será que é na primavera que os desejos se realizam?
Continuando nosso passeio do dia, fomos para Saga Arashiyama.
Arashiyama é uma cidadezinha que fica bem perto de Kyoto. Um lugar bonito e interessante. É possível ir até lá de diversas maneiras. Dessa vez, fomos de ônibus, mas dá para ir até lá de trem, pela Sagano Scenic Railway. (recomendo, porque o fiz quando estive lá pela primeira vez).
Como é muito procurada por turistas, não importa o meio de transporte, o melhor é chegar cedo para conhecer a famosa floresta de bambus, o Templo Tenryu-ji que fica nas imediações, dar uma volta no interessante comércio local, tomar um café ou sorvete. E, de quebra, visitar a Kimono Forest.
Esses lugares são imperdíveis. No entanto, se o tempo disponível for maior, dá para explorar ainda mais a região.
Considerado Patrimônio da Humanidade pela Unesco, o templo Tenryu-Ji está entre os cinco maiores da região.
Tenryu-ji foi estabelecido em 1339 pelo shogun Ashikaga Takauji (1305-1358), em memória ao Imperador Go-Daigo (1288-1339).
Até 1864 ele sofreu danos de 08 incêndios. Nesse último, só a sala de meditação (Zendo) foi preservada. Sua reconstrução, como o conhecemos hoje, terminou em 1924.
A varanda é um espaço de meditação. Dela, tem-se a visão do lago e dos jardins, decorados com pedras. Belíssimos. Em qualquer estação do ano, possuem atrativos para a prática espiritual, principalmente o principal, Sogenchi, que foi o primeiro a ganhar do governo japonês o título de “lugar de especial importância cênica e histórica do país”.
Bamboo Grove, o Bosque de Bambu de Arashiyama é um lugar que vale a pena visitar.
Ele é tudo aquilo que as fotos mostram e muito mais. Por sua beleza e por ser uma floresta diferente de todas as outras, é um dos lugares mais escolhidos para passeio.
Durante séculos, o bambu produzido na área tem servido para a produção de artesanato.
Se falassem que é um templo zen, daria para acreditar, tamanha paz que nos inspira.
Na região de Arashiyama há uma permanente exibição da “Kimono Forest”.
Cerca de 600 pilares, distantes a cada 2 metros, são cobertos com 32 diferentes tipos de tecidos usados para fazer kimono.
Essa diferente forma de apresentar o tradicional estilo Kyo-Yuzen de tingir os tecidos para fazer Kimonos, originada em Kyoto, começou em julho de 2013, quando a estação foi modernizada. Trata-se de uma obra de arte idealizada por Yasumichi Morita, um artista premiado na sua categoria.
Seguindo por entre os tubos, encontramos um pequeno lago de água natural chamado “Ryu no Atago-ike”. Reza a lenda que quem toca em suas águas faz uma viagem tranquila e fica feliz. “Ryu” significa um dragão e esse nome vem do templo Tenryu-ji. No centro do pequeno lago há uma esfera com o desenho de um dragão.
Nós a visitamos durante o dia e a achamos belíssima. No entanto, segundo comentários de quem já viu, à noite, os pilares, iluminados por leds, produzem um efeito maravilhoso.
Saímos logo cedo para Osaka, nossa última parada no Japão.
Terceira cidade que visitamos na ilha de Hoshu, também não decepcionou. Eu a conhecia e, mais uma vez, tive aquela sensação de estar ambientada num lugar. Gosto disso.
Uma das maiores do Japão, atrás somente de Tokyo e Yokohama, Osaka é a segunda cidade mais industrializada no arquipélago.
Ela foi fundada durante o Período Edo e está entre as mais antigas do país.
Osaka possui um vasto centro de compras, gastronomia variada e atrações diversas como templos e santuários seculares que a tornam uma cidade muito agradável de se conhecer.
Ficamos apenas dois dias, mas o suficiente para termos uma visão geral e conhecermos as atrações relatadas na sequência diária.
Fizemos alguns passeios e, como estávamos terminando nossa viagem, tivemos uma tarde livre para andarmos pela cidade.
Uma tarde livre!!! Maravilha! Comprinhas à vista, até que enfim, já que não tínhamos mais restrição de peso da bagagem, até então de 23 kg.
Fomos até o centro de compras Dotonbori. Uma delícia de lugar. É muito fácil andar por lá e é possível encontrar de tudo um pouco.
Facilidades à vista? Ledo engano! Só para quem tinha algo em mente para resolver tudo rapidamente.
Não fiquei frustrada porque na minha experiência anterior isso tinha acontecido e eu sabia como seria. A língua é uma barreira natural. Sem falar japonês, só dá para comprar o que está claramente explícito.
Compensação???? Saí de lá com uma sacola de chocolates!!!
Em 2013 resumi minha ida ao Japão da seguinte forma:
Valeu ir para o Japão. Foi uma viagem de reconhecimento de terreno, eu diria. As coisas que mais chamaram a minha atenção foram a cultura, a educação, a civilização. ……. Saímos do Japão com uma sensação de quero mais e a de que muita coisa pode ser diferente. ……. No fim da viagem, já estávamos falando que precisaríamos ficar pelo menos 3 dias em cada lugar, que faltou tempo em Tokyo, que precisávamos conhecer Hokkaido, Hiroshima e Nagasaki. Enfim, essa é outra história. Quem sabe….” Continue lendo “Férias 2016”→