11-06-2017 – domingo
Um dia no Inle – http://www.inlelake-myanmar.com/ , um lago de água doce situado nas montanhas do Estado Shan, a leste de Myanmar.
Com uma área estimada em 116 km² e 100 km de comprimento, por apenas 5 km de largura, é o segundo lago em área e um dos mais altos (está a 884 m de altitude) de Myanmar, constituindo um dos seus principais destinos turísticos. A sua profundidade média varia entre os 1,50 m na estação seca (3,60 m de máximo) e os mais de 4 m na estação das chuvas.
Nas suas margens, há mais de 200 cidades e aldeias, muitas povoadas pelos Intha (filhos do lago). A cidade mais povoada da região é Nyaung Swhe (Yawnghwe), que tem um canal de 4 m de profundidade até ao lago (canal de Nankand).
O lago Inle é aproveitado e cultivado. São famosos os jardins do lago e as casas flutuantes. Há também um mercado flutuante.
O lago converteu-se num dos principais destinos turísticos de Myanmar, fechando um circuito composto pelas cidades de Rangum (Yangon), Bagan e Mandalay, nossos destinos nessa viagem.
Saímos cedo, de barco, do hotel.
São muitas atrações às margens do lago. Navegar, descer para conhecer a atração, voltar para o barco, navegar e assim por diante. Há tanto o que ver que um dia parece pouco.
Cada lugar foi uma atração à parte e a atração maior ficou por conta do passeio pelo lago. Às vezes mais rápido, às vezes mais lento, por meio de vegetação e cruzando pontes, o barco seguiu por diferentes caminhos que nos levaram a inúmeros lugares, cada um com sua peculiaridade.
Nossa primeira parada foi num ateliê cujas artesãs são aquelas mulheres do pescoço comprido também chamadas de Mulheres-Girafa – http://curiosidadeseculturas.blogspot.com.br/2010/09/mulheres-girafa.html . Elas pertencem à tribo Padaung e ali representam uma atração turística. Posam conosco por alguns dólares e vendem diversos tipos de artigos fabricados por elas ou não.
Há controvérsias a respeito dessa cultura. Rejeitadas por muitos e apreciadas por alguns, as mulheres da tribo Padaung usam os anéis no pescoço. A impressão que se tem é que o pescoço é alongado por causa deles. No entanto, dizem que são os ombros que descem.
Discórdias à parte, valem como atração turística, ainda mais porque são muitas as versões para o uso desses colares.
Da pena à admiração, acho que vale dizer que cada um faz a sua escolha. Se elas assim o fizeram, por que iremos questionar?
Voltamos para o barco e depois paramos numa fábrica de artigos de prata – Sein Tamadi Gold & Silver Smith – http://placesmap.net/MM/Sein-Tamadi-Silver-Smith-10083/ – https://www.justgola.com/a/gold-smith-silver-smith-workshop-1978051585 – onde vimos o processo de fabricação de alguns produtos. Da barra ao vestido de prata há um longo processo. Um trabalho artesanal tão complexo só poderia resultar num preço compatível. Não nos animamos a comprar algo, mas admiramos o resultado do trabalho dos artesãos.
Dali fomos conhecer uma fábrica de cigarros – Cheroot Making Factory – http://www.globejotting.com/the-sweet-cigars-of-inle-lake/ – Sim, cigarros artesanais. Foi possível acompanhar o processo e comprar as cigarrilhas, fabricadas em diversos sabores. Segundo dizem, são diferentes, possuem um sabor adocicado que em nada lembram um cigarro tradicional.
Apesar de não fumar, a compra foi inevitável. Afinal….quando haveria outra oportunidade de comprar cigarro artesanal fabricado no lago Inle de Myanmar, se não fosse ali? Garantimos alguns presentes mesmo sem saber se agradariam.
Outras coisas eram vendidas no local, mas não interessaram.
Navegamos mais um pouco e chegamos a Phaung Daw Oo Pagoda – http://www.inlelaketourism.com/Phaung-Daw-Oo-pagoda.asp , um importante santuário da Birmânia. Nele, há imagem de 5 budas cobertos de folhas de ouro. Só os homens podem se aproximar e é tradição que os reverenciem colocando folhas de ouro nas suas imagens. Elas já perderam o formato original e a tendência é que mudem sempre porque é uma atividade que não pára.
Em seguida, visitamos a fábrica de seda de flor de lótus – Khit Sunn Yin – https://www.youtube.com/watch?v=x5oIJPZ6nRU . Decididamente, foi o lugar mais interessante do dia.
Assim que chegamos, vimos o procedimento para retirar os fios do talo da folha. Um processo manual, a essência de um produto que só é produzido no Myanmar.
Birmânia ou Myanmar tem dessas coisas, únicas, e é isso que eu acho que nos encanta. Evidentemente que não é um produto barato, mas também não é caro se formos pensar que são exclusivos. Não sei quanto custaria numa loja de grife. Na fábrica, paguei 75 dólares por uma echarpe.
Além de echarpes, estavam à venda outros produtos de preços e qualidade diferentes. Passeio imperdível.
Nosso almoço foi no Golden Kite Restaurant – https://www.justgola.com/a/golden-kite-1978051671 , um restaurante italiano que ficava ao lado ou dividia espaço com o Bambu Forest Restaurant. Pizza foi nosso prato principal. Conheço melhores do que aquela, mas teria sido uma excelente opção, apesar de a qualidade não ser a mesma a que estamos acostumados. Mal descemos do barco começou o assédio dos vendedores que ficaram nos espreitando enquanto almoçávamos, uma vez que o restaurante era aberto. Foi muito desagradável comer daquele jeito, vendo aquelas crianças que pareciam famintas, nos olhando.
Dar toda ou parte da nossa comida para eles não iria resolver o problema. Além disso, tínhamos que comer porque não se come em qualquer lugar quando estamos viajando em grupo. É tudo combinado antes.
Enfim, foi um problema quando Huang resolveu repartir a comida dela com eles. Eram tantos para tão pouco que perdemos a fome e não matamos a fome deles. Desagradável… é o mínimo que se pode dizer para qualificar aquela situação.
Dali, seguimos a pé para Indein Village – http://www.indochinatourguide.com/Myanmar-Burma/Indein-Village.html , para conhecermos um sítio arqueológico com muitas pagodas em diferentes estados de conservação. Como a região é sujeita a terremotos, muitas construções estão em decomposição. No entanto, não deixa de ser um lugar interessante para visitar.
Fala-se muito do mercado que existe na região, onde camponeses expõem suas mercadorias. Não vimos. O que vimos foi um comércio local com diversos tipos de artesanato.
Incrível! Nada interessante, mas dá vontade de comprar para ajudar, como se a compra de um colar ou de um objeto qualquer pudesse tirar aquelas pessoas daquele estado de miséria ou aparente miséria que se encontram.
Como é possível viver debaixo daquele calor, esperando uns poucos turistas e tendo que fazer um esforço incrível para que alguém compre algo? Não dá para saber como se vive sem perspectiva nenhuma de melhora de vida. Será que eles sabem o que é uma cama gostosa, um banho refrescante, o conforto que temos no nosso dia a dia? Não é um ou outro que parece desconhecer. É quase toda a população. Muito triste!
Para pegarmos o barco, voltamos pelo mesmo caminho que fomos e vimos novamente algumas cenas interessantes. Uma delas foi uma mulher fazendo um crisp de arroz assado na terra quente. Se não pensarmos muito antes de comer, saboreamos algo diferente, até gostoso. Eu experimentei e posso dizer que é bom, mas não deixou saudade.
De volta ao barco, fomos até Nga Hpe Kyaung (Chaung) Monastery – https://www.youtube.com/watch?v=_95RAn81vPY – https://www.youtube.com/watch?v=qKmMj5KZpw8 . Construído no fim de 1850, é um dos maiores monastérios do lago Inle.
Nele pudemos ver uma interessante coleção de imagens de Buda de diferentes áreas. Os famosos gatos que pulam estavam dormindo. Nem adianta esperar pela atração de vê-los pulando. Agora, segundo o guia, é uma prática proibida. Como não vi, não sei se a atividade causava algum sofrimento a eles. Sem julgamento…
Depois disso, iniciamos nossa volta ao hotel.
Foi um dia interessante, repleto de surpresas e de coisas boas, mas cansamos e nada melhor do que voltar ao hotel para um banho gostoso, um jantar tão bom quanto e, depois de arrumar a mala, cama.